Rota Carmelita
Partindo do Carmelo de Santa Teresa em Coimbra, a Rota Carmelita é um convite para alcançar o Santuário de Fátima através de 111 km desenhados nos concelhos de Coimbra, Condeixa-a-Nova, Penela, Ansião, Alvaiázere e Ourém; é um percurso alternativo aos grandes eixos rodoviários que oferece ao caminhante/ciclista troços mais seguros e confortáveis.
Coimbra – Condeixa-a-Nova
A Rota Carmelita inicia-se no Carmelo de Santa Teresa e percorre o concelho de Coimbra envolvendo o peregrino por espaços que convidam à fruição da natureza e à meditação religiosa.
Em 1948 a Irmã Lúcia entra no Carmelo de Santa Teresa, aí entregando a sua vida e divulgando a mensagem de Fátima. Neste espaço, sugerimos a visita à Igreja, de estilo barroco, e ao Memorial, onde encontrará uma exposição dedicada a toda a vida da Irmã Lúcia, albergando peças únicas de uso pessoal, a recriação da sua cela, textos manuscritos e uma amostra do seu trabalho de correspondência.
A partir do Carmelo, é convidado a descer a cidade até ao Largo da Portagem. Pode fazê-lo pela malha histórica de Coimbra, com múltiplos atrativos religiosos e culturais, ou, em alternativa, pela Mata do Jardim Botânico ou mais diretamente através da Couraça de Lisboa, beneficiando com esta variante de uma vista panorâmica sobre o rio Mondego, os Mosteiros de Santa Clara e o Convento São Francisco.
Após a travessia do rio Mondego em direção a Santa Clara, é convocado a subir a Calçada da Rainha Santa até ao Mosteiro de Santa Clara-a-Nova, a terceira variante, de onde desfrutará de uma panorâmica única sobre a cidade.
Duração
3h50m
Distância
16,00Km
Dificuldade
Média
Condeixa-a-Nova – Rabaçal
A etapa que inicia faz a transição entre a paisagem urbana e o mundo rural, entre o alcatrão e o piso de terra. É, por isso também, um convite a uma viagem interior mais tranquila, que os motivos naturais envolventes tratarão de enquadrar.
Condeixa-a-Nova é um local privilegiado por concentrar milénios de história. A romanização tem aqui uma expressão decisiva, sendo incontornável a visita ao Centro Interpretativo de Portugal Romano em Sicó – PO.RO.S e às ruínas de Conimbriga, que a própria Rota atravessa.
A escavação de Conimbriga iniciou no século XIX, constituindo o “núcleo urbano luso-romano mais escavado de Portugal”. Importante centro viário, esta cidade era uma estação privilegiada da grande via romana que ligava Lisboa a Braga. É imprescindível visitar o Museu Monográfico e as ruinas desta cidade, ao redor da qual foram edificadas.
Depois de deixar as ruínas de Conimbriga, o Vale do Rio dos Mouros emoldura paisagisticamente o caminho. Com uma extensão de 4 km, o Canhão Fluviocársico deste rio representa geologicamente uma forma de carso evoluído, fazendo a transição entre a Bacia do Mondego e o Maciço de Sicó. Com extraordinário valor botânico e uma cascata impressionante, é este vale que o acompanhará até ao Rabaçal. O percurso, coincidente doravante com o Caminho de Santiago, propõe um passeio pela margem direita do Rio dos Mouros, um curso de água de leito poroso, ora inteiramente seco (no verão), ora torrencial (no inverno).
É na companhia deste rio que cruzamos lugares típicos como o Poço, a Fonte Coberta (com a sua ponte filipina) ou o Zambujal, criado segundo a lenda por dois irmãos gigantes ferreiros e cuja Igreja é digna de visita. É esta localidade que faz as despedidas do concelho de Condeixa-a-Nova nesta Rota.
REFLEXÃO
“Deus está contente com os vossos sacrifícios”, não só com os dos pastorinhos, mas também com os que são inerentes à nossa vida. Caminhar exige sacrifício e perseverança e isto ajuda-nos a valorizar aquilo pelo que lutamos. Nunca desistir é o que nos leva a chegar à meta. Aproveitar a beleza do caminho, apreciar o que nos rodeia, torna-o mais fácil. A Irmã Lúcia convida-nos a “suportar com serenidade as contrariedades que surgem no nosso caminho”.
Duração
3h35m
Distância
13,00Km
Dificuldade
Fácil
Rabaçal – Ansião
O Vale do Rabaçal com a sua paisagem arrebatadora, esculpida pela natureza e edificada pelos homens, envolve-nos ao longo desta jornada.
Atravessado pela estrada romana que ligava Lisboa a Braga, itinerário durante a reconquista e traçado primitivo das rotas de peregrinação para Santigo de Compostela, este Vale apresenta solos secos e áridos, sobressaindo na paisagem a vinha e a oliveira, espécie símbolo de resistência e longevidade, com exemplares milenares nesta etapa!
Os pequenos rebanhos que ponteiam e musicam estas paragens dão origem ao célebre queijo Rabaçal, uma iguaria de leite de ovelha e cabra, cuja tradição remonta à época romana.
É indispensável parar no Rabaçal, não só pela visita à Villa romana (e respetivo museu), como pela subida ao Germanelo, fortificação mandada edificar por Afonso Henriques para defesa da Ladeia. A partir deste antigo Couto de Homiziados, a vista é avassaladora…
O Alvorge dá as boas vindas a Ansião, deixando para trás o Vale do Rabaçal e abrindo caminho para a várzea de Santiago da Guarda. O traçado até alcançar a vila de Ansião é maioritariamente rural, ladeado por terrenos agrícolas e por povoações com história secular.
Alvorge, é disso, um magnífico exemplo, com um Centro Etnográfico que fará as honras da casa. A partir deste local, pode optar por alcançar Ansião pela variante de Santiago da Guarda, escolha em que sairá a ganhar pela absoluta singularidade dos recursos atravessados.
Na aldeia da Granja encontra a Capela de N. Sra. da Orada, a edificação cristã mais antiga de Ansião, ruínas de um Paço Jesuíta com inscrições preciosas e a Casa-Museu dos Fósseis de Sicó. Poucos km volvidos, o Complexo Monumental de Santiago da Guarda estará à sua espera! Coração patrimonial do concelho, este edificado testemunha a sucessiva ocupação do território, concentrando um paço quinhentista, uma torre medieval e uma Villa tardo-romana.
REFLEXÃO
19 de Agosto: “Rezem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo.”
Precisamos de paz na nossa vida e ao nosso redor. Enquanto caminhamos podemos rezar o terço ou outra oração, podemos olhar a natureza e aí encontrar o eco da paz que Deus semeou em todos os seres vivos e que o Homem tem tanta dificuldade em cultivar. Que este caminho seja de paz exterior e também interior. “Dizer peregrinos de Fátima é o mesmo que dizer peregrinos da Paz.” (In Memórias da Irmã Lúcia).
Rota Carmelita – Etapa 3 GPX
Rota Carmelita – Etapa 3 KML
Duração
5h50m
Distância
19,50Km
Dificuldade
Difícil
Ansião – Bofinho
A quarta etapa desta Rota une a vila de Ansião à povoação do Bofinho, em plena serra e concelho de Alvaiázere.
Até lá, a Vila de Ansião constitui paragem obrigatória nesta Rota sendo profícua em sugestões de visita: a Ponte da Cal, o Parque Verde, logo ali ao lado, a Igreja Matriz ou a da Misericórdia.
Reza a lenda que a Rainha Isabel de Portugal parou junto ao rio Nabão, e, sob a Ponte da Cal, tomou água e banhou os pés, refrescando-se e abençoando o local. Daí nasceu a grande devoção pela Rainha Santa neste concelho e a tradição dos banhos santos, praticados até 1966.
A 3 km de Ansião encontra a Capela da Constantina, outrora importante centro mariano mercê do aparecimento de Nossa Senhora em 1623.
A saída de Ansião testa a sua resistência física, pelo que fica a sugestão de se apetrechar na vila de pasteis de pinhão e de lesmas, os típicos biscoitos secos de azeite e canela, antes de prosseguir.
Nas imediações da Venda do Negro entramos no maravilhoso Parque Ecológico Gramatinha/Ariques, a maior mancha ibérica de Carvalho-Cerquinho, espécie característica do Maciço Calcário de Sicó. Com uma área de aproximadamente 30.000 hectares, este parque intermunicipal, distribuído entre os concelhos de Penela, Ansião e Alvaiázere, concentra mais de oitocentas espécies vegetais e animais, entre as quais vários endemismos, como lírios e orquídeas selvagens que tornam a paisagem única e que, de forma alguma, deve colher!
O traçado central desta Rota percorre a franja oeste do concelho de Alvaiázere por entre quintas e lugares pitorescos até alcançar o Bofinho. Ariques, Santiago dos Ariques ou Vale da Couda vão acompanhá-lo na travessia desta Rota.
Se conhecer Alvaiázere está nos seus planos, na Venda do Negro opte pela variante da Vila. No percurso observe os característicos campos de lapiás e na vila visite o Museu Municipal do concelho e a Igreja Matriz.
REFLEXÃO
13 de julho: “Dizei muitas vezes: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria.”
Só quando percebemos a presença do outro e o amamos, conseguimos ver que a nossa vida tem sentido. Diz a Ir. Lúcia: “Dirijo-me aos que têm fé e aos que não têm a felicidade de possuir este dom de Deus, porque todos somos peregrinos que, consciente ou inconscientemente, caminhamos para a eternidade.” (In Memórias da Irmã Lúcia).
Rota Carmelita – Etapa 4 GPX
Rota Carmelita – Etapa 4 KML
Duração
3h00m
Distância
13,50Km
Dificuldade
Média
Bofinho – Seiça
Embora longa, esta etapa é constante na altimetria.
Depois de retemperar energias no Bofinho, cuja unidade de alojamento resulta da requalificação da antiga escola primária da aldeia, é altura de partir à descoberta do emblemático “Olho do Tordo”, uma nascente de água que brota de um poço profundo, transformando-se numa ribeira pintada de branco na primavera, pelas flores do agrião… Esta ressurgência é um fenómeno geológico próprio das zonas calcárias, surgindo a água aquando da subida dos níveis freáticos. Este local, para além da riqueza ao nível do património industrial, presente nos antigos moinhos de água, apresenta vestígios da presença humana desde a pré-história.
Entre o Bofinho e Pelmá, cruzamos carvalhos, vinhas, olivais, campos de lapiás e cultivos de chícharo, a leguminosa da qual Alvaiázere se intitula capital!
A entrada no concelho de Ourém faz-se através da Freixianda, cuja igreja matriz, em honra de Nossa Senhora da Purificação, merece visita. Nesta Rota Carmelita, aprecie a tela de Santa Teresa de Ávila, responsável pela reforma desta Ordem em 1562, e parta à descoberta dos seus textos admiráveis.
Já se respira Fátima neste último fôlego da caminhada…
Até alcançar Seiça, a paisagem é pautada pela Vinha Medieval de Ourém, cuja origem remonta à fundação de Portugal e ao tempo em que D. Afonso Henriques cedeu terras aos Monges de Cister para cultivo. Na produção do vinho imperam técnicas ancestrais. A vindima das uvas das castas Fernão Pires (mosto branco) e Trincadeira (mosto tinto) é feita exclusivamente à mão. Delicie-se com este néctar.
Entre os povoados que atravessamos, nesta zona de transição entre o Maciço Calcário de Sicó-Alvaiázere e o Maciço Calcário Estremenho, visite a igreja matriz de Rio de Couros e Caxarias, com o seu Largo abençoado por São Bartolomeu. A sua feira anual de agosto, conhecida como “Feira das Panelas”, é uma das mais antigas do concelho de Ourém.
REFLEXÃO
13 de junho: “Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus.Com esta promessa senti-me confortada, cheia de confiança, certa de que a Senhora nunca me deixaria só, seria Ela a conduzir-me e a guiar-me os passos pelos caminhos da vida, por onde Deus me quiser levar, e assim me abandonei nos braços paternais do nosso Deus.” Como a Ir. Lúcia, não desanimemos, pois temos uma Mãe ao nosso lado. (In Memórias da Irmã Lúcia).
Rota Carmelita – Etapa 5 GPX
Rota Carmelita – Etapa 5 KML
Duração
5h50m
Distância
26,00Km
Dificuldade
Difícil
Seiça – Fátima
A última etapa da Rota apresenta subidas consideráveis, mas também atrativos que vão nutri-lo da força necessária para concluí-la.
Em Seiça, visite a Casa-Museu, referente cultural do território, e a igreja matriz, local por onde terá passado D. Nuno Álvares Pereira em 1385, por ocasião da Batalha de Aljubarrota.
Em Vale Travesso, aproveite para contemplar a capela de N. Sra. do Livramento e para conhecer o projeto cultural, social e espiritual da Quinta da Casa Velha.
A cidade de Ourém dá as boas vindas à última jornada desta Rota. A meta final está a um passo de distância, mas a tarefa não fica cumprida se não aproveitar para conhecer os locais de passagem dos pastorinhos neste concelho. À entrada da cidade, visite o Memorial Jacinta Marto no Cemitério. Já no centro, procure a Casa do Administrador, edifício que acolheu os videntes em 1917 durante o interrogatório e que hoje é uma infraestrutura vocacionada para a difusão da identidade cultural e dos patrimónios de Ourém.
Como variante à rota, propomos a visita à Vila Medieval de Ourém, opção que o levará a usufruir de uma vista deslumbrante. Aprecie a Fonte Gótica, visite a antiga Igreja Colegiada, o Castelo e Paço dos Condes e deguste o vinho medieval e a ginjinha tradicional de Ourém.
Trilhos de elevada beleza conduzem-no de Ourém até Fátima.
Antes de alcançar o Santuário, está a Igreja Matriz, cujo primitivo edifício acolheu o batizado dos Pastorinhos. De lá, ruma por fim até ao destino final, sendo opcional a visita à aldeia de Aljustrel (casas dos pastorinhos) e ao Calvário Húngaro, local a partir do qual terá uma vista panorâmica sobre todo o Santuário de Fátima, ponto de chegada da Rota.
Que todos os passos dados sejam consumados em raízes para novas e constantes viagens que a vida reserva… Que esta rota, de inspiração carmelita, tenha aberto portas para novas dimensões de fé, de cultura e de natureza nos territórios que percorreu…
REFLEXÃO
13 de maio: “Quereis oferecer-vos a Deus?” Lúcia diz: “Deus respeita o dom da liberdade que nos deu, não força a que aceitemos a Missão que nos quer confiar”. Os pastorinhos disseram SIM e Nossa Senhora disse “A graça de Deus será o vosso conforto” . É esta graça que atua em nós, levando-nos onde Deus nos quiser conduzir, e vamos contentes, como crianças abandonadas nos braços do Pai… O caminho continua, a próxima etapa é a vida quotidiana, que ela seja melhor que antes desta peregrinação. (In Memórias da Irmã Lúcia).
Rota Carmelita – Etapa 6 GPX
Rota Carmelita – Etapa 6 KML
Duração
5h00m
Distância
23,00Km
Dificuldade
Difícil